Pensericando (com açúcar, com afeto)

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Pão de queijo



Em meio às cinzas do sonho, à madrugada regada ao lúdico, corria desabaladamente atrás de ti e do teu contexto... e do teu sorriso...e dos teus olhos. Um sentimento de ufanismo por, enfim, te ver, misturado à palpitação arquejante do meu coração cansado, que sabia de tua aflição e da iminente possibilidade de não te encontrar.

Era como ter de refazer o tempo que não veio e desabou como um castelo de cartas aos pés do destino. Remontar com garbo o sol que a chuva apagou.
Por não fazer parte de sua paisagem, sofria em saber que nada podia fazer. Ainda assim, corria, passava por tudo o que há de mais lindo, o verde dos bosques, o gorjear dos pássaros, o trilar das águas rasas, tudo era melodia para uma trilha incerta feito as nuvens do céu, que se moviam feito um ensaio de ballet a zelar pelo teu brilho intenso, que, com afinco, eu buscava.
Então, feito lábaro para minha insana vertigem, surgisse como os raios de sol que abafavam as nuvens em solo alto, cabelos cacheados a moldar um rosto lapidado graciosamente, violão em punho, cantando para o rio que parou em sua margem, prostrado silencioso a ouvir tua voz doce, sentada sobre uma pedra de feições arredondadas, feito pódio para a minha conquista.
Só precisava saber que estavas ali, era o que me permitia sonhar, e ver teus olhos formosos arqueados envoltos às sobrancelhas que sorriam sem pudor ao rio que há horas já não molhava, e inerte, apenas te olhava.
E então, transcendendo o raiar da luz do dia, sentindo o sol bater à janela, sem a nítida certeza de que ainda dormia, mas lutando incessantemente contra o despertador que insistia em me devolver à órbita cotidiana, te entregasse, violão, rio e olhos, e com um beijo doce, feito a nostalgia dos meus algodões de infância, me acordasse, e assim, com um sorriso ameno, de uma noite vagante, mas tão próxima de tudo o que se chama de delírio e felicidade, despertei sereno, sentindo gostinho de pão de queijo, talvez um pedaço mineiro de um sonho distante.

Ps.: O conto na verdade foi feito por um grande amigo meu. Postá-lo aqui foi uma forma que encontrei de homenageá-lo. Obrigada por tudo, Nando, adoro você. 
                      

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